quinta-feira, 21 de junho de 2012

La Barbe-Bleue

    Acabo de ler um conto de “O quarto do barba azul”, de Angela Carter. Penso. Reflito. E tenho para mim, que deveria aprender francês. Por nada, mas por tudo. Pego por mim pensando em recitar o conto com toda a intensidade que senti quando o li. Descubro uma sonoridade de instrumento que me falta. Não que minha língua mãe seja desprovida de seus calores, como uns bons escritores bem o provam, mas certas intensidades demandam certas curvas no falar, certos bicos, certas feitas. Que nossas palavras não têm como encarnar. Não sou dado a dom-juanismos, mas devo admitir; Tantos encantos, tantas belezas. Uma língua menina, feminina como nenhuma outra. Penso no conto. Que me conta de beleza e intensidade. A bela que se animaliza. Mesmo linda; no instrumento-português, soa áspera. Língua de gato, cinza de borralho. No Frances, seria outra coisa. A urgência do falar, o arfar do ar, a entrecortar com as palavras. Dançam bolero por entre os meus ouvidos, ao som de Audrey Tautou. Palavras com cheiro de maçãs, (róseas) romãs, a ressoar de sensualidade. Está ai; a palavra que definiria. Sensual, Eros. hermosso vestido cobre as vergonhas das palavras.e finos pudores d’uma névoa de perfumes enevoam-se em minhas fantasias. O conto acaba. Mas minha mente não. Dilacera-se(me) em um ninho de  perguntas que já não tardam a serem respondidas. Paro por aqui. vou para o meu mundo, pensar e me perder em um conto e um sorriso,até que não haja mais sono para eu tragar, e que tenha que acordar para Este mundo novamente.