O céu rasga. As
cortinas abrem-se. O pai derrama seu pranto fecundo na crosta estéril e
inutilizada. O palco se arma.As gotas descem. Um exército de pequenas cantantes
que se espalha por tetos, calhas e afins.Olho pra o céu. Bailarinas cristalinas dançam, beijam minha face,acariciam minhas roupas gota a gota. Tantos tons na mesma nuvem cinza, tanta vida numa cor apenas. Muito mais cor que o cinza dos prédios e calcadas.Olho à minha volta. Passos lamacentos divagam pela rua. Escondem-se em seus guarda-chuvas. Olhos no lixo, anestesiados demais, perdidos em seus
próprios mu(n)dos-pensamentos. Atrasados e apertados uns contra os outros, fecham
os olhos para a beleza que os cerca.
Chove.
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