E em mais um dia que chega ao seu desfecho, eu me vejo em
uma casa que não é minha, sem nenhuma perspectiva além do cansaço que se apoia
pesadamente em minhas costas. Cansaço que me faz lembrar de como os últimos dias
foram cinzas e ranzinzas. Sem cor, sem viço, sem nenhuma expectativa de que essa
merda pode ter algo de bom. Mas mesmo assim, quando o dia chega, eu me vejo
pegando os meus retalhos e fazendo aquilo que faço tudo de novo, e de Novo. Por
quê? Por que fazer sempre o mesmo e esperar um resultado diferente? Por que se
forçar a aturar toda essa merda quando sucumbir parece tão mais simples? Tão
mais doce? Tão mais fácil? Eu gostaria de saber essa resposta. A verdade é que
eu lembro os momentos ínfimos que eu tive e tenho de vez em quando. Aquelas mínimas
horas de oxigênio que nos vibram de dentro pra fora, e nos enchem de vida e
gozo, ainda que só por um momento. É esse ópio de luz solar ou a esperança
desse ópio, que nos faz mover-nos mais um pouco a cada dia. É a esperança por saber
(nas palavras do mestre) de que há algo de bom nesse mundo, e que vale a pena
passar pra ver. É saber que a chuva não cai só sobre mim, e que o sol que brilha
por trás das nuvens, vai secar tudo, quando a dor for embora.
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