Estou sozinho de novo. Do vazio escuro por dentro de mim, eu posso sentir as garras arranhando. Ele se remexe, virando e mudando de posição. Ele não gosta de ser encarcerado. Ele queria sair, arranhar, rasgar, morder, matar.
A finura da película que o prende me permite sentir os calombos das costas. Ele é duro. O hálito amargo me sobe pela garganta, indignado com mais um desaforo engolido. Forçado goela a baixo por uma Mão e um braço sebosos de tão arrogantes, tão cheios de si, tão seguros da força que acham que ter. Comprimo as nossas mandíbulas desejando que aquele braço estivesse entre elas agora. Forço e puxo as correntes. Minhas mãos tremem pelo esforço. Injuriado pela minha falta de iniciativa, ele comprime meu peito, e urra o que deveríamos ter feito. Ossos quebrados, carne rasgada, sangue expelido. Encolho-me, ainda apertando os dentes. Sua língua áspera lambe o meu ouvido, sussurrando o quão doce seria, vê-lo submisso, encolhido, amedrontado.
Mas me encolho mais por medo, por saber que por mais doce que fosse em minha boca, o descer pela garganta me amargaria em tristeza, e arrependimento.
Mas não sei o quanto ainda vou poder resistir a provar o doce. Não sei quando ele vai rasgar a película e pular mundo afora, e tenho medo disso. Tenho medo de que braço possa estar em nossa boca nesse momento, tenho medo que possamos morder um braço mais suave, menos doce às nossas línguas. Tenho medo do sofrimento que podemos nos causar; Então eu aperto as correntes, e aprendo a conviver com as reviradas, com os apertos no peito, e com o hálito amargo. Por que hoje pelo menos, eu não quero machucar ninguém.
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