“Que olhos grandes você tem”, pensou o garoto. Ela não era um lobo. Ela era uma coruja; que de penas róseas o mirava de longe, com um olhar de: “te intimido garoto?” e o garoto lhe devolvia com um olhar de “te conheço coruja?” ele a mirava curioso, enquanto ela voava próxima a ele. Penas finas, um bico francês, e olhos de conchas; grandes e redondos, com desenhos que ele não vira em outros pássaros que já havia mirado por aí. Desenhos de bocas, e bicos, e presas de javalis, como que escritos em construções octogonais, feitos para tapar os terrenos baldios do centro, onde a coruja costumava caçar.
Indo e voltando, ela intrigava o garoto; que desejava voar perto dela, mas ele não tinha asas(ou pelo menos assim ele pensava). “ela nunca vai querer descer” pensava o garoto. Ele tentou atraí-la com um assobio. Desajeitado. A coruja divertiu-se, e empoleirou-se no banco da frente. Galhofava o assobio do garoto que ficava sem jeito, mas gostava, pois de um jeito ou de outro,fez com que ela pousasse ali perto.
Das madrugadas aos dias, ele passava com ela. Caçavam, voavam, e cantavam juntos. O garoto pensava em engaiolar a coruja, mas falcoaria não se faz com esse tipo de ave. Ela ia e vinha quando queria, voava alto, e beliscava-lhe o dedo, quando este falava em gaiola. Ele não entendia, pois nunca soubera o que era realmente uma gaiola. Nunca o haviam engaiolado antes. Não sabia o que fazer; Não queria deixar a coruja. Gostava de voar com ela. Acostumara-se ao ar e chão parecia-lhe estranho agora. Seu medo assustou a coruja, que bufou e eriçou as penas, e voou para longe. Em meio às lamentações, um corvo, esguio e longo, apontou-lhe uma direção, depois de bebericar da sua internet. (como todo bom corvo, só ajuda quando é ajudado). Disse-lhe ele: não se voa com gaiola, elas são muito pesadas. Tu que não gostas mais do chão, por que queres arrastá-la para cá, ela que aqui nunca esteve?
_Que hei de fazer então? Disse o garoto.
_Ao invés de trazê-la para baixo, por que não te elevas tu? Disse o corvo
_Não sei como. Disse o garoto.
_E que engineer de merda és tu? Crocitou o corvo. Que não sabes resolver um problema simples como esse? Faze como Ícaro. Se não te encontras à altura, eleva-te até ela!
E de cada pena que a coruja derrubou enquanto estava com o garoto, as quais ele guardou todas, ele reuniu e calculou um par de asas para si próprio. E agora ele voa por si só; ou pelo menos ensaia. Tomando a coruja de exemplo, ele agora procura o vento em volta de si, ao invés de buscá-lo nas asas de outros.
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