terça-feira, 7 de agosto de 2012

Rider

O olhar. Sim. Tudo começa com os olhos (aqueles grandes e castanhos que mal cabem nas órbitas). E o apreciar. As pernas fortes, as ancas largas. O porte austero. Logo depois, vem (vêem) o primeiro contato. Monta. O passo curto, para encontrar o ritmo. E o som da fricção enche-nos os ouvidos. O som do couro raspando no couro, na calça, no pelo , na pele , no corpo. Músculos.  Pernas fortes. A força cresce. E sobe, e desce, e vai, mas não vem. Só vai. Pra frente, pra frente.PRA FRENTE!  Não mais o som da fricção. O ritmo foi dado. Ambos agora correm juntos. Colados, transpiram,respiram, resfolegam. E essa dupla resfolegação que enche o ar, cansaço compartilhado. Suor salgado, que tem a sensação de ser doce. As pernas doem. Difícil pensar que chegamos tão longe. Que se está indo tão rápido, rápido. RÁPIDO! A bomba pulsa, o sangue voa. Vai explodir. Não. Vai! Oh não, ah vai! Ainda não! Agora Sim!Agora! Segundos da mais pura sensação de liberdade. Slow-mo em tudo aquilo que existe, enquanto Eolos lambe-me a face. Suor, e calor, e torpor. E besta e homem, e homem e animal (e homem-animal) pulsam como se um apenas fosse. E acabou-se a corrida.

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