sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Body

 Olhe para o seu corpo. Do que você é feito?
Eu sou feito de pele e ossos. De unha e cabelos. De sangue e tripas. De fígado, rins e intestinos. Eu sou feito de coração e pulmões. De Músculo e Tendões. De vísceras e olhos. De hemácia, de neurônio e de membrana.

   De carne, osso, e sangue, eu sou.
Eu sou feito de carbono e Hidrogênio. De Nitrogênio e Oxigênio. De Cálcio Zinco e Boro. De Enxofre e Potássio. De Flúor e Fósforo. De Sódio, Ferro e Magnésio. De Silício, de Zircônio e de Rubídio.

    De Mistura e elemento, eu sou.
Eu sou feito do pó que explodiu das estrelas. Eu sou feito do Fogo, da Água, da Terra, e do Ar. Eu sou feito de Madeira e de Metal. Eu sou feito de Luz e trevas. Eu sou feito da Ordem e do Caos.
  
  De corpo, mente e alma,  eu sou.
Eu sou Feito de Medo, Raiva e Amor. De alegria e de rancor. De Gozo e de dor. De Coragem e de pavor. Tudo ao meu redor é feito meu. 

   E de tudo ao meu redor, eu sou.
Eu sou a Luz das estrelas. Eu sou o vazio do abismo. Eu Sou o maior dos filhos de minha mãe. E de todos os filhos que nascem desta terra, nenhum nasce mais fraco do que eu.Eu sou uma consciência etérea, que anima um amontoado de partículas recicladas e rearranjadas, feitas do pó estelar.
  
  Uma fagulha da criação, eu sou.
Eu sou a imagem, e a semelhança. Eu sou o oposto, e a diferença. Eu sou a parte que completa o todo, e o todo que reúne as partes. Eu sou a mais Dantesca e a mais reles das criaturas deste mundo. Muito prazer...
                                                                                                              
                                                                                                                                 

                                                                                                                                    Um homem, eu sou.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Faith

E em mais um dia que chega ao seu desfecho, eu me vejo em uma casa que não é minha, sem nenhuma perspectiva além do cansaço que se apoia pesadamente em minhas costas. Cansaço que me faz lembrar de como os últimos dias foram cinzas e ranzinzas. Sem cor, sem viço, sem nenhuma expectativa de que essa merda pode ter algo de bom. Mas mesmo assim, quando o dia chega, eu me vejo pegando os meus retalhos e fazendo aquilo que faço tudo de novo, e de Novo. Por quê? Por que fazer sempre o mesmo e esperar um resultado diferente? Por que se forçar a aturar toda essa merda quando sucumbir parece tão mais simples? Tão mais doce? Tão mais fácil? Eu gostaria de saber essa resposta. A verdade é que eu lembro os momentos ínfimos que eu tive e tenho de vez em quando. Aquelas mínimas horas de oxigênio que nos vibram de dentro pra fora, e nos enchem de vida e gozo, ainda que só por um momento. É esse ópio de luz solar ou a esperança desse ópio, que nos faz mover-nos mais um pouco a cada dia. É a esperança por saber (nas palavras do mestre) de que há algo de bom nesse mundo, e que vale a pena passar pra ver. É saber que a chuva não cai só sobre mim, e que o sol que brilha por trás das nuvens, vai secar tudo, quando a dor for embora.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Saudade

É aquele buraco de minhoca que se abre no meio do seu peito quando você menos espera.
é aquela vontade de pegar esse buraco e voltar no tempo.
Voltar  praquele lugar onde você tanto riu, e sorriu, e fodeu, e se fodeu, e bebeu, e dormiu, e sonhou... E Sonhou.
sonhou que aquilo bem que podia não acabar nunca,
que bem que todos os dias podiam ter aqueles belos tons púrpuras e róseos,
e que todas as bebidas podiam ser vodka,
 e que todos os amigos podiam morar na porta ao lado,
 e que todos os finais de semana eram pra sair.
E que essas vontades não iriam emergir das suas tripas no meio dos mais fatídicos e cinzentos dias, quando toda e qualquer esperança de ter ao menos um milésimo de momento fica na vontade e no suspiro.
quando todas as dívidas nos sufocam e nos fazem esquecer-nos do que é se sentir rico depois de umas três ou quatro dozes.
quando você queria poder ter algo como aquilo mais uma vez, só mais uma...mas que a oportunidade está a muitos milímetros dos seus dedos...
e a gravidade nos puxa de volta para o cão chão.
E que a merda do cotidiano nos mata a coragem, e os galhos do comodismo nos sufocam pra toda e qualquer proposta de ousadia.
Dias como esses, que passam e não voltam mais...

porra.

domingo, 20 de outubro de 2013

Eru Ilúvatar

   Quando eu morrer, o meu corpo irá se decompor, e será usado como alimento por uma infinidade de seres, como as formigas que se ocupam em devorar esta pequena mariposa que jaz ao meu lado."Comer vidas, e viver."É assim que a roda funciona. Mesmo ao comer plantas, é necessário sacrificar a vida existente nelas. E ao fazer isso, os átomos de carbono, fósforo, hidrogênio,sódio, ferro e tantos outros elementos ; que outrora formavam as estruturas delas, passam a fazer parte das minhas estruturas. E que com certeza já foram parte das estruturas de uma incontável gama de seres e coisas desde o início dos tempos.
   Átomos  que não diferem em coisa alguma uns dos outros, além do número de prótons, nêutrons e elétrons.Os mesmo elementos, com os mesmos prótons, nêutrons e elétrons que formam as estrelas, formam o nosso corpo,formaram outrora os corpos dos dinossauros, e formarão outros corpos após a nossa morte.
Um átomo comum, apresenta mais espaço vazio em sua estrutura do que  preenchimento.Solidez e divisão. meras ilusões, criadas por mentes aprisionadas.não há distinção real entre eu, você, ou esta folha de papel que está em minha mão agora. "We're the same, and all is one."Somos consciências etéreas,controlando nuvens de partículas recicladas e constantemente rearranjadas num infinito e contínuo ciclo de viver e morrer.Tomando lugar nesta roda pelo tempo que podemos,e saindo dela para outro ser poder entrar.
   É tudo um rio.Um fluxo.É tudo uma dança.Tudo dança. Tudo e todos dançam. Todos os galhos de uma mesma árvore."Yggdrassil".Todos os seres, Todas as coisas, são na verdade um único ser.Uma única coisa.O grande pai,que flui à nossa volta, e através de nós.De todos nós.Quanto mais me aprofundo neste pensamento, mais profundo ele me parece. mais lógica eu encontro nele. E mais a trindade "Onipotente,Onipresente,Onisciente" parece verdade para mim.

...E mais ainda vejo sentido,quando leio a passagem que diz: "O senhor Deus formou,pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro da vida, e o homem se tornou um ser vivente."


23/05/2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Guts. Brains, and Mechanical Torque.

   Eu me mexo Sob as cobertas macias e aquecidas e abro os olhos para a escuridão que me envolve. As negras silhuetas que formam o meu quarto me observam, curiosas. Os pés quentes pedem pelo toque do chão frio. Eu miro o vazio teto azul enegrecido enquanto decido o que fazer.
   O corpo pede por alento, pede por descanso; descanso pelo dia de subir e descer,e ir,e vir,e tarefas,e sapos,e risos. A mente, por outro lado, flui. Ou melhor, gira. Gira como a turbina de um reator,Como os mil e tantos cavalos furiosos de um motor, a 3000 rpm. Ela pulsa. Numa desordem caótica, alimentada pela força frenética de mil pensamentos acotovelando-se por todos os lados dentro do imenso espaço contido entre as diminutas órbitas do meu crânio. Quanto barulho! Mil águias peleando entre si, urrando para se fazerem ouvir. Metal que flui, e rui, e vibra e pulsa e plange. Loucamente, rotando de dentro pra fora.Num vibrar tão intenso que se torna insuportável.
   Desisto.Levanto. E sob os protestos do resto do meu corpo, e o efeito da dopadrenalina descarregada pelo cérebro;como que numa espécie de suborno, eu me apresso em escrever esta merda desordenada enquanto o sol nasce sob a minha janela. Um dia longo se vai, e outro se vem. Eu sento sob a janela e  aprecio o meu pulsar repentino, ao som do vibrar metálico da velha geladeira marrom-ferrugem que trabalha solitária na cozinha, acompanhada pelo toque implacável do velho relógio de parede, que tanto já me aprisionou dentro das vinte e quatro mediocridades da rotina.
   Hoje, foi diferente.Hoje, por míseros sete minutos ou menos, eu abri asas. E caí. Hoje, eu esparramei/cuspi/jorrei/gozei minhas entranhas(ou miolos)(os quais eu quase não lembrava mais que tinha) num pedaço de papel(ainda que de pobre maneira).Hoje, eu pulsei. Hoje, eu vivi. Hoje, eu voei.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Wendigo



   "E amando-nos, eles nos consomem.por carícias exigidas, eles nos devoram.Por aqueles beijos buscados com aquelas bocas secas, e nodosas como cascas de velhos carvalhos, eles nos drenam as forças; pois eles têm fome, e nos exigem que os alimentemos."
   "E por pequenos gestos, que nos invadem aos poucos.E sem sermos percebidos,eles nos grilam a vontade. Não havia fogo, não havia aquela vontade louca, o perder do ar ao vê-los, não havia o ardor que se há e que deveria haver, mas também não era de todo ruim. então, permitimo-nos(que grande erro minha criança)."
   "E ao que no fim, terminamos secos, quebrados. Pois o nosso comodismo nos adormece, e permitimos que aqueles que não amamos com todo o coração se instalem dentro de nós, mas no lugar errado. não há amor nas vísceras, e o coração não deixa entrar esse tipo de ser, que exige o cuidado de outros, já que não é hábil para suprir a si..."

sábado, 29 de junho de 2013

You And I

damn, i want to go out, laugh loud, listen the sounds of the glasses, drink, drink so much, kiss somebody,delight with the music, but i'm here, im home, imprisioned...

sábado, 20 de abril de 2013

brings us close


Às vezes que queria saber por que eu ainda me lembro dela. Por que tão insistentemente dela. Queria saber por que dentre todas as outras só ela me vem tão frequentemente à cabeça. Mesmo que não mais de um jeito triste ou doloroso, mas ainda assim vindo. Queria saber o que aquela filha da puta tinha de tão especial pra se enterrar tão fundo assim no meu cérebro.Aquele jeito estranho e desengonçado, ela nem combinava comigo. Ela parecia um menino, ela me deixava cheirando a fumaça, ela era irritantemente subjetiva, ela me levava pro centro a pé pra fotografar, ela via beleza nos mínimos pontos de uma cidade cinza e podre. Ela dançava sem precisar de música, ela gostava de coisas que eu não conhecia, ela disse que eu ficava bem de xadrez. Ela ficava com as bochechas coradas. Ela sorria com a boca e com os olhos por trás daqueles óculos escuros nos domingos de manhã, com aqueles olhos de concha marinha que eu nunca vi igual, de um jeito que a gente achava que não ia ver uma coisa tão linda nunca mais na vida. Ela encostava a cabeça no meu ombro enquanto nós estávamos andando de um jeito que quase fazia nós dois cairmos abaixo; de um jeito que fazia a gente querer pegar ela no colo ali mesmo na rua, e não soltar nunca mais. Ela me chamava de lulis. E só tem ela no mundo que pode ser assim.
   Acho que não tem como a gente explicar esse tipo de coisa mesmo. Acho agora que não precisa também.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Felicidade gratuita


Me despedir.
E dos cheiros e vinhos, e cigarros, e taças a tinir, me afastar.
E dos boleros, e passos, das risadas, e piadas, lembrar.
Portas e mais portas, abrir.
E para uma noite ao teu lado, de incerto rumo, partir.
E luzes de postes e reflexos estranhos nos vidros, a passar.
Em casa (minha ou tua, não sei. Que seja nossa), chegar.
E ao teu lado, de mãos dadas, entrar.
 E ainda de mãos dadas, mas atrás de ti, para ver o movimento de quadris sob as sedas  do vestido.
Às escadas, subir.
Na beirada da Cama, sentar.
 E os sapatos apertados, sentindo vir o prazer gratuito contido nesses pequenos momentos, tirar.
Teu copo nu, apreciar.
E a doce maciez da tua boca, sorver.
E as álgidas curvas do teu corpo, tocar.
Teu ser e tua alma sem par, através dos olhos, percorrer.
E deitar sobre ti, e amar.
E sentir-te os dedos no leve toque às minhas costas, num fino limiar entre a dor e o prazer.
Gozar.
E o relaxar dos músculos, e o som entrecortado do nosso respirar conjunto, beber.
E juntos, trançados e entrelaçados, de corpos ainda conectados, teus olhos, mirar.
E de persona removida, olhar teus olhos frente aos meus, tua alma contemplar.
E dizer: como eu te amo.
E ouvir: como é bom te ter.
E depois das mais belas horas juntos, ainda entrelaçado entre os teus quentes braços, finalmente,
Dormir.

Sonhar...

sábado, 9 de março de 2013

Que sabe você das almas das outras pessoas - de suas tentações, de suas oportunidades, suas lutas?


E eis que olhando os velhos escritos, que eu vejo os meus atos falhos, e me rio deles, por que na minha dor, eu me recuso a ouvir a voz que esperava encontrar enquanto gritava. Eu me afogava e não conseguia ajuda por causa do meu “me debater” desesperado. E todas as marcas, riscas e manchas na minha lustrosa (ou assim eu achava) armadura, eram feitas por minhas próprias lâminas. Eu me punha em armas e me acovardava em segredo. Eu pulava do penhasco, e ao invés de abrir os braços, eu me fechava (e me borrava) de medo, mas era orgulhoso de mais para admitir(diga sempre a verdade, mesmo quando estiver sozinho) Homens cobardes. Paciência, e puxar de orelhas, por favor.